Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco

Presidente do Simmepe recebe título de cidadão do Recife

No último dia 3 de agosto, o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico – Simmepe, João Sandoval da Silveira, recebeu da Câmara Municipal do Recife, o título de Cidadão do Recife, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à comunidade.

A cerimônia de outorga do título contou com a presença do secretário de Governo da Prefeitura, Paulo Queiroz, na ocasião representando o prefeito Raul Henry; a secretária regional do trabalho, Inês Medeiros e do vice-presidente da Fiepe, Jorge Corte Real, na ocasião representando o presidente da entidade, o deputado federal Armando Monteiro Neto.

Também participaram do evento, o deputado estadual Geraldo Coelho e o cônsul geral da Alemanha Herbert Grüner, além de inúmeros vereadores, lideranças empresariais e políticas. Na ocasião, o vereador Celso Miranda, que apresentou o requerimento do título junto à mesa diretora da Câmara, fez um discurso de saudação a João Sandoval, destacando a importância do trabalho desenvolvido pelo empresário no Recife e em Pernambuco.

O empresário, por sua vez, proferiu discurso de agradecimento no qual destacou um pouco da sua trajetória na vida empresarial iniciada no Recife em 1958 e fez um alerta para os problemas enfrentados atualmente pelas empresas do País, propondo alternativas para a superação das dificuldades. Veja a íntegra dos discursos do presidente do Simmepe, João Sandoval da Silveira e do vereador Celso Miranda, nesta edição.

Contagem regressiva para a Fimmepe 2000

Com a chegada do mês de setembro, começa a contagem regressiva para o início da Fimmepe 2000 – Mecânica Nordeste que vai reunir em Pernambuco representantes das indústrias dos setores eletro-metal-mecânico, soldagem e de plásticos do Brasil.

O evento, que será realizado no período de 23 a 27 de outubro no pavilhão de exposições do Centro de Convenções de Pernambuco, vai contar com a participação de importantes indústrias de Pernambuco e do Centro-sul como a Brasinox-Imosa (PE), Renda (PE), Walviwag (SP), Milling do Brasil (SP), White Martins (RJ), UTZ (RS), Gerdau (PE) e Alcoa (SP).

A feira, que promete ser uma das maiores de todos os tempos, já conta com o apoio do Governo do Estado, da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco – Fiepe, Abimaq/Sindimaq, Abinee, Abiplast, ABS, Banco do Nordeste, Sebrae, Fiepe, entre outras entidades.

O material de divulgação da feira, como folders e cartazes foram distribuídos para todos os estados do País. O Simmepe, órgão promotor do evento, espera bater todos os recordes este ano em número de expositores e volume de negócios.

Esta será a sexta versão da Fimmepe / Mecânica Nordeste, que já faz parte do calendário nacional de feiras do setor industrial do Brasil. No ano passado, o evento recebeu cerca de 8 mil visitantes entre representantes de empresas interessadas em adquirir novos equipamentos, além de universitários e técnicos da área interessados em descobrir as últimas novidades em termos de tecnologia industrial.

Sindicato dá início a processo de negociação da Data Base 2000

O Simmepe deu início ao processo de negociação da data base do ano 2000 reunindo seus associados em uma assembléia geral extraordinária no último dia 16. Como acontece todos os anos, esse processo culminará com a celebração de uma Convenção Coletiva de Trabalho, definindo as regras das relações entre patrões e empregados do segmento eletro-metal-mecânico de Pernambuco, para vigorar no período setembro de 2000 a agosto de 2001.

No encontro foi feita uma avaliação preliminar da pauta de reivindicações dos trabalhadores, que tem como base os pleitos da redução da jornada semanal de trabalho para 36 horas, a correção salarial correspondente ao INPC e um aumento real de 10% dos atuais salários. A proposta, que só chegou ao Simmepe no final da tarde do dia 16, foi analisada de modo sumário pelo negociador oficial do Simmepe, Dr. José Otávio Carvalho (vide opinião nesta edição).

Também durante a assembléia, foi formada a Comissão de Negociação Patronal composta por representantes de associadas obedecendo um critério de seleção, que contemplou a participação de empresas pequenas, médias e grandes.

No encontro, foram aprovadas ainda as outorgas de poderes à Diretoria do Simmepe para celebrar a Convenção Coletiva, com base nos termos do Artigo 612 da CLT e a interpor dissídio coletivo, se necessário, nos termos do Artigo 859 da mesma CLT, bem como a cobrança da Taxa Assistencial.

Vale a pena lembrar que essa taxa se destina à formação de um fundo extraordinário destinado a cobrir os altos custos do processo de negociação, traduzido por: honorários especiais dos Consultores Jurídico e Trabalhista, cópias xerox, correios, mensagens via fax, suporte administrativo-operacional, horas extras de funcionários, entre outros itens.

A Comissão de Negociação 2000 está composta pelos seguintes nomes: Amaro Coelho (Máquinas Piratininga), Ana Ines Pina (Musashi do Brasil), Emilio Falcão (Ipojuca/Microlite) Fernando Herminio Silva (Gerdau) João Cavalcanti (Wicon Inox), Rosângela Gato (Renda) Luis Bugardt (Alcoa) e João Freitas (Phoenix do Brasil), mais oito nomes de suplentes e dois membros da Diretoria do Simmepe.

Serviço de assessoramento jurídico

O Simmepe vem garantindo permanente assistência às associadas, sobretudo nos conflitos trabalhistas. Só este ano, prestou 320 consultas, das quais apenas 20 foram levadas a Juízo ou à DRT, com resultados satisfatórios para o associado. Além disso, foram expedidas várias circulares com informações e orientações sobre mudanças na Legislação Trabalhista.

Entre as ações do Simmepe este ano, destaca-se ainda a defesa do interesse coletivo das associadas, como no caso da cobrança indevida da TFA (Taxa de Fiscalização Ambiental), do Ibama. Outra iniciativa foi a proposta da criação do Refis Estadual, assunto já bastante encaminhando junto ao governo, prevalecendo a proposta do presidente do Simmepe, João Sandoval.

Autonomia Privada Coletiva: principal fonte de normas trabalhistas

Mais uma vez o SIMMEPE se mobiliza para exercitar uma das suas funções primordiais previstas na Constituição Federal, qual seja, a de promover negociação coletiva de trabalho em nome da categoria econômica que representa, estabelecendo com o Sindicato Profissional, representativo da categoria profissional, as regras básicas que irão reger às relações trabalhistas pelo período de vigência da nova convenção coletiva de trabalho.

Para tanto, a Assembléia Geral da categoria já autorizou a Diretoria do SIMMEPE a encetar negociação através de uma Comissão eleita e a assinar o competente instrumento coletivo.

Salta às vistas que os interessados diretos têm muito mais condições de construir as regras que regerão suas relações do que o Poder Legislativo, através de leis ordinárias ou complementares, ou do Poder Executivo, através de Medidas Provisórias ou Decretos, porquanto o exercício legislativo do Estado, no mais das vezes, decorre de interesses e pressões de grupos políticos e interesses puramente econômicos, sendo comum as barganhas que passam ao largo dos interesses dos reais destinatários. Ilustrativa é a frase proferida pelo grande Churchill, ao criticar a ação legislativa do Estado: "Não diga ao povo como são feitas as leis e as salsichas".

Assim, esperamos todos que a maturidade, o respeito mútuo e a compreensão do interesse coletivo estejam presentes em todas as etapas do processo negocial, a fim de que se obtenha uma convenção coletiva que não seja o ideal pretendido por cada parte, isoladamente considerada, mas que seja o resultado do que foi possível se obter através do diálogo franco e das legítimas concessões recíprocas.

José Otávio de Carvalho
Assessor Jurídico do Simmepe

Discurso do Dr. João Sandoval: Em Defesa do Trabalho

Nesta oportunidade, aqui na histórica Câmara Municipal do Recife – Casa de José Mariano – palco dos mais célebres eventos políticos que forjaram a cidadania do povo desta metrópole, venho, com muita honra e o mais justo orgulho, receber o título de Cidadão do Recife; dignificante insígnia que, com muito zelo, colocarei, a partir de agora, ao lado de outras altas honrarias que me foram outorgadas pelo hospitaleiro povo deste Estado, a exemplo do título de Cidadão Pernambucano, concedido pela Assembléia Legislativa, e da Medalha do Mérito Industrial, homena-gem da Federação das Indústrias de Pernambuco – FIEPE.

O primeiro sentimento é de gratidão, sentimento que considero a mais importante e mais sublime manifestação do ser humano. Desejo externá-lo, aos senhores vereadores que em mim identificaram as raras qualidades, imprescindíveis, para integrar a seleta comuni-dade constituída pelos que receberam o honroso diplo-ma de Cidadão do Recife.

Em particular, agradeço ao ilustre e atuante vereador Celso Miranda, autor dessa iniciativa, na pessoa de quem presto, também, minhas homenagens ao seu tio, grande intelectual, ilustre pernambucano e eminente brasileiro, Barbosa Lima Sobrinho, ex-governador deste Estado.

Como já disse em outras ocasiões, valorizo a idéia de estar bem acompanhado e empenho-me em vivê-la em toda sua plenitude. Estendo, também, a minha gratidão, às lideranças empresariais e políticas de Pernambuco, que me têm apoiado e prestigiado como mais um participante ativo na luta pelo desenvolvimento do nosso Estado e pela constru-ção de uma sociedade mais justa.

Em especial, agradeço aos meus familiares que, não obstante tantas vezes privados da minha presença e das minhas atenções, têm permanecido, sempre e INARREDAVELMENTE, fiéis à nossa causa comum e têm suportado, com infinita paciência e redobrado carinho, os sacrifícios cobrados pelos objetivos que busquei alcançar ao longo da minha vida.

Do mesmo modo, e reconhecendo que não poderia carregar, sozinho, as realizações que me fizeram cruzar os umbrais desta gloriosa Casa, para receber este honroso título, abraço, com a minha gratidão, e os faço compartilhar deste prêmio, os meus companheiros de trabalho, dirigindo-me, com a mesma emoção, aos meus auxiliares de todos os níveis, sejam das minhas empresas, sejam das instituições de classe a que pertenço, especialmente àqueles que estão sob a minha orientação direta.

Obrigado aos meus amigos daqui e de longe, que sempre estiveram comigo, em todos os momentos, acompanhando os passos que, sem premeditação, me trouxeram até aqui.

Saúdo, ainda, e agradeço a todos os presentes neste plenário, particularmente aos meus amigos e companheiros que, com suas presenças, me conferem prestígio e me trazem energia e alegria de viver e lutar.

Sem trabalho, o sucesso é inconsistente, uma burla. Acredito no trabalho e dele vivo como do ar que respiro. Em conseqüência, creio que o Brasil forte e próspero que temos a responsabilidade de construir – como lideranças que somos – nos mais diversos campos de atividade, somente será edificado com credibilidade, determinação e muito trabalho.

Como humanista, creio no homem e estou convicto de que o ideal de melhoria da qualidade de vida humana – em particular da vida do trabalhador – deve constituir o alvo e o padrão de medida das atividades econômicas.

Por isso mesmo, em todas as atividades por onde caminhei, nas empresas que fundei, e negócios que administro, tenho aplicado o melhor das minhas energias, buscando, sempre, contribuir de forma efetiva, para a construção de uma sociedade mais justa, ideal perseguido por aqueles que se preocupam com o bem comum.

FUNDAMENTOS – Tendo colocado para os senhores os princípios orientadores da minha vida, não resisto ao impulso, comum a todos os agraciados nessas ocasiões, de revisar os resultados do meu trabalho até como uma forma de justificar o honroso título que acabo de receber.

Por ser o Recife um centro universitário de referência, cheguei aqui, em 1958, na condição de estudante, assim como tantos outros nordestinos, dos mais diversos rincões desta imensa região, que, historicamente, têm buscado esta cidade do Recife como meio de se desenvolverem nos mais diversos ramos de atividade e, também, como ambiente de evolução intelectual. Fui absorvido, portanto, por um fenômeno sociológico próprio daquela época.

Vim para esta cidade estudar Engenharia, curso que concluí com láurea e que me deu os fundamentos e a metodologia de trabalho para o desenvolvimento da carreira empresarial. Ao mesmo tempo, em que freqüentava a Universidade, ingressei na carreira do magistério, movido por dois propósitos: contribuir para o fortalecimento do ideal de democracia, então fortemente dominante em nosso povo; e, para a formação de recursos humanos necessários ao desenvolvimento da nossa região.

PRIORIDADE – Trago comigo esses ideais ao longo da minha vida. Hoje, na era do conhecimento, a preparação dos recursos humanos é prioridade nas minhas empresas, pois só acredito no desenvolvimento econômico que se baseia na participação do homem e tem no homem o seu destinatário final.

A educação e o conhecimento são os mais importantes componentes para o desenvolvimento da riqueza nos tempos modernos.

Bem que, poderia ter regressado ao meu estado do Rio Grande do Norte ao terminar meu curso, e ali assumido o comando dos negócios da família. Ou, ainda, ao iniciar a minha atividade empresarial por conta própria, poderia ter optado por outra região onde mais solidamente encontraria fortes fatores locacionais traduzidos na melhor dotação de matérias primas e numa maior dimensão do mercado consumidor.

Nada disso aconteceu. Nordestino convicto adotei o Nordeste como opção empresarial e a Cidade do Recife como a base logística dos meus negócios.

Acreditei firmemente no potencial de desenvolvimento da indústria nesta região, transformando dificuldades em pretexto de lutas e procurando trazer para Recife, e para o Estado, os meios que favorecessem ao fortalecimento das indústrias já existentes e a atração de novos empreendimentos dinâmicos.

Vale ressaltar que naquela época dominava a conscientização de uma política de desenvolvimento regionalizada do nosso País, da qual a criação da SUDENE, sob a orientação do eminente economista Celso Furtado, era a manifestação mais concreta, instalando-se um clima de desenvolvimento econômico e social tendo, como cenário central, o Recife, a cidade por mim escolhida.

PIONEIRO – Tenho o profundo orgulho e consciência de haver desempenhado o papel pioneiro de implantar na Região, e com tecnologia por nós desenvolvida, uma indústria voltada para a produção de bens de capital essenciais a importantes atividades como a hotelaria, a hospitalar, a turística, a industria de alimentação, entre outras. Optei, também, por fabricar e comercializar máquinas e equipamentos destinados a racionalizar e facilitar as diversas etapas do processo de alimentação para coletividades em geral, um segmento produtivo em que a oferta era inferior à demanda em nosso País e em que o Nordeste era absolutamente importador. Ao implantarmos aqui as nossas atividades, esta região passou a ser exportadora desses equipamentos e dos serviços a eles relacionados.

Ao desenvolver produtos com tecnologia e modelos adaptados às condições peculiares do Brasil, passei a exportar para todas as regiões do País equipamentos aqui fabricados e a competência dos nossos engenheiros e dos nossos trabalhadores, neles incorporados.

Mais tarde, entendendo melhor a dinâmica da nossa economia e buscando consolidar os empreendimentos que mantinha no Nordeste, adquiri uma unidade fabril no Sudeste que, além de nos colocar no centro dinâmico das decisões empresariais do País, funcionou como um ponto estratégico fundamental para o escoamento da produção que realizávamos aqui na Região.

Apesar de tudo, não trago a vaidade dos triunfadores. Carrego apenas a satisfação dos trabalhadores, dos que acreditam em desafios, dos que se lançam à transformação do meio onde vivem, onde muito está por ser construído e conquistado.

Por tudo isso, creio situar-me, embora discretamente, entre aqueles que têm contribuído para o avanço da economia de Pernambuco e, em particular, para a consolidação do Grande Recife como metrópole industrial do Nordeste, aqui implantando e desenvolvendo atividades empresariais dinâmicas e ajudando a consolidar as atividades modernas em diversos setores da economia local.

Em resumo, busquei sempre, como empresário, privilegiar o interesse maior da comunidade a que pertenço, subordinando minhas ações à uma visão sistêmica da realidade do espaço em que atuo.

Diante desses fatos, que caracterizam a minha trajetória, sempre baseada em inovadoras relações de convivência no seio da sociedade recifense, conforta-me receber este honroso título que interpreto como reconhecimento do mérito da minha opção de vida.

ORGULHO – Condecorado neste momento com mais esta respeitável láurea – a de Cidadão do Recife – lembro a história de lutas, de sonhos e de realizações desta extraordinária metrópole.

Nascida sob o signo do fado empresarial, a Recife de ontem, pequena vila dos mascates, divide hoje com as vizinhas e também históricas cidades de Olinda e Jaboatão dos Guararapes, a nobre condição de berço da nacionalidade brasileira.

Cidade heróica, síntese da cultura nordestina, motivo da minha admiração e de tê-la escolhido como minha segunda terra, soube conviver com o invasor estrangeiro, absorver inteligentemente as vantagens que lhe poderia oferecer e teve, depois, a hombridade e a bravura de expulsá-lo, em defesa do solo pátrio e da consolidação da nossa nacionalidade, cujo ápice da luta se deu com a Batalha dos Montes Guararapes.

Hoje, é o celeiro intelectual do Nordeste, abrigando o maior centro universitário da região e a maior e mais bem preparada equipe de pesquisadores, patrimônio que, todos reconhecemos, precisa ser melhor aproveitado, em todo o seu potencial, em beneficio do desenvolvimento empresarial de Pernambuco e da região Nordeste.

A propósito, aqui, bem diante de nós, e com ilustres ex-alunos nesta Casa, encontra-se a centenária Faculdade de Direito do Recife que deu ao Brasil várias gerações de brilhantes intelectuais e políticos, homens que participaram e ainda participam das grandes transformações político-sociais em Pernambuco e no Brasil.

Quem não teria justo motivo de orgulho e honra de ser cidadão de uma cidade assim tão famosa e de tanto significado histórico?

Já na condição de detentor do título de Cidadão de Pernambuco, considero agora, com este novo titulo, que está coroada a minha pernambucanidade e maiores são os meus encargos de defesa e de aprimoramento desta Comunidade que abraço e que me acolhe como novo membro.

PROPOSTAS – Homem do meu tempo, participante ativo das transformações da sociedade a que pertenço e consciente das necessidades do meu povo, não posso nem devo me furtar de reiterar aqui, diante dessa seleta e influente audiência, algumas propostas que venho defendendo, ao longo do tempo, e em fóruns como este, para o nosso Estado e para esta Cidade do Recife, conclamando a todos os presentes para, num esforço conjunto, arregimentarmos as energias e as decisões necessárias para concretizá-las.

Nesse sentido, é que desejo aproveitar este raro momento, diante das mais ilustres e significativas personalidades do nosso mundo político-empresarial para apresentar algumas propostas – valendo-me da condição de cidadão – empresário e líder de classe.

São notórias as dificuldades de acesso ao crédito, pelas quais passa o empresário brasileiro, particularmente o nordestino: o elevado custo do crédito ainda é uma realidade, pois apesar da redução da taxa básica de juro, na ponta do tomador, essas taxas continuam inviabilizando os negócios. A burocracia é imensa e injustificáveis são os níveis de exigências de garantias, reforçados pelas restrições impostas pela legislação creditícia vigente, de só conceder crédito ao empresariado que esteja rigorosamente em dia com o pagamento dos seus impostos e encargos sociais.

Considere-se ainda que essas mesmas instituições de crédito exigem garantias reais muitas vezes inacessíveis ao pequeno empresário.

Com esta observação, não defendo – por nenhuma hipótese – a inadimplência dos impostos como uma estratégia na condução dos negócios. Antes, pelo contrário, defendo o cumprimento das obrigações paraa com a União, o Estado e o Município, como um dever de cidadania e obrigação da empresa.

As dificuldades de acesso ao crédito e o custo do dinheiro impedem o saneamento das empresas, que, em função disso, enfrentam mais problemas para o pagamento dos impostos e encargos sociais.

Não há, pois, alternativa mais razoável do que flexibilizar a legislação, de modo seletivo. A potencialidade de uma empresa não pode ser desperdiçada, mas sim incentivada.

Vejo agora, com muita alegria, que essa idéia acaba de ser viabilizada, por oportuna decisão do Governo Federal, na implantação do Programa de Recuperação Fiscal – REFIS, que, a se materializar, virá atenuar os problemas vividos, nessa área, pelos empresários.

No sentido de estender essa inteligente providência ao nível estadual, venho participando do grupo empresarial que, sob a liderança da FIEPE, acaba de encaminhar ao Governador Jarbas Vasconcelos sugestão para implementar mecanismo similar em Pernambuco, a exemplo de outros Estados. Conclamo, portanto, os ilustres membros desta Casa, autoridades e líderes de classe aqui presentes, a nos ajudarem a concretizar essa proposição.

A Segunda proposta refere-se à rigidez da Legislação Trabalhista e à inadequação da Legislação Tributária.

Está claro para todos – empresários e a maioria dos trabalhadores – que a atual Legislação Trabalhista vigente, no lugar de facilitar, dificulta a geração de novos empregos e prejudica o trabalhador comum, quando deveria protegê-lo.

Neste momento de dificuldades, em que os "direitos" assegurados pela legislação conflitam com a busca de competitividade das empresas e ameaçam seu próprio desenvolvimento e sobrevivência, a atual legislação acirra a disputa e as contradições entre o capital e o trabalho, com efeitos adversos sobre o emprego.

Sou daqueles que acreditam que a solução não está na redução das horas de trabalho, nem em se trabalhar menos, porque o futuro do nosso Pais está a exigir mais esforços de todos. A solução está, repito, na flexibilização das leis trabalhistas tornando-as menos complexas e onerando menos o custo do trabalho, de forma a permitir a melhoria da renda do trabalhador.

Ao lado dessa questão, não devemos esquecer nem desprezar a urgência com que deve ser tratada a Reforma Tributária em nosso Pais, assunto que vem sendo continuamente postergado, em prejuízo do desenvolvimento das empresas, da criação de mais empregos e da renda.

A Terceira proposta, já foi encaminhada em outra oportunidade, ao Governo do Estado. Trata-se da criação, imediata, de um conjunto de incentivos destinados à revitalização de vários empreendimentos industriais atualmente paralisados, mormente no Grande Recife, por vários motivos que lhes tiraram a competitividade.

Essa iniciativa, além de gerar novos empregos, permitirá o reaproveitamento de um imenso patrimônio, na forma de ativos físicos que hoje se encontram sem utilização, gerando grandes prejuízos à nossa sociedade.

Desde já, coloco-me à disposição das autoridades para participar da discussão, formulação e maior detalhamento dessa proposta. Inclusive envolvendo a Entidade de Classe Empresarial, que presido, o SIMMEPE – Sindicato das Industrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco.

A Quarta proposta, se refere a necessidade de envidar esforços no sentido de viabilizar o projeto de uma central de beneficiamento e distribuição de aços planos, acoplado a uma laminadora a frio, de aços planos ao carbono, em Suape.

Esse projeto, de baixo investimento, poderá se transformar, pela sua importância e pelos seus efeitos sobre a estrutura da indústria local, na tão desejada âncora para o desenvolvimento da economia de Pernambuco, especialmente para a industria eletro-metal-mecanica, com expressivos efeitos sobre o emprego na Região Metropolitana do Recife.

A conseqüência direta desse investimento será viabilizar outros importantes projetos, tantas vezes por mim sugeridos, entre os quais lembro: os pólos da linha branca e o de autopeças, dentre outros.

Por tudo isso, desejo ainda me colocar ao lado dos que defendem a consolidação de importantes projetos que já se encontram, em alguns casos, em adiantada fase de implantação no Recife. Refiro-me aos pólos médico, de turismo e de informática, impulsionado recentemente pela sábia iniciativa do Governo Estadual em criar o Porto Digital. Chamo a atenção também para a necessidade de se investir fortemente na infra-estrutura necessária ao desenvolvimento do nosso pólo hoteleiro.

Muito Obrigado!

João Sandoval da Silveira

Discurso do Vereador Celso Miranda: Credibilidade, Trabalho e HumanismoDiscurso do Vereador Celso Miranda: Credibilidade, Trabalho e Humanismo

O título de Cidadão   do Recife será entregue ao engenheiro e empresário João Sandoval da Silveira. Nestes 6 anos de mandato, sugeri 5 indicações de pessoas que mereceram a medalha de mérito José Mariano pelos trabalhos desenvolvidos. Nas artes plásticas, o notável artista Francisco Brennand. Na área médica e teatral, o nosso amigo e companheiro rotariano, Reinaldo da Rosa Borges de Oliveira. Na área política, jornalística e filantrópica, o meu tio-avô, ex-governador do nosso estado, Alexandre José   Barbosa Lima Sobrinho e sua esposa Maria José Barbosa Lima, fundadora da Campanha Pernambucana Pró-Infância.

Finalmente na área pastoral e social, o meu amigo, Monsenhor Romeu da Fonte, pároco da igreja da Torre. Pela primeira vez, propus um nome para receber o título de Cidadão do Recife. Escolhi João Sandoval da Silveira. Este filho de Santo Antônio, cidade do Rio Grande do Norte, logo cedo veio para a nossa cidade, estudar engenharia e ser professor. Obteve o primeiro lugar no curso da Escola Politécnica da Universidade Católica de Pernambuco, atual UPE, com louvor.

RECURSOS – Parte de sua juventude, como foi dito, dedicou ao magistério contribuindo para a formação de seus recursos humanos universitários. Poderia Sandoval ter retornado ao seu estado natal para administrar os bens da família, porém, fez a opção por Pernambuco, em especial, pela cidade maurícia das pontes e rios que a todos encanta e seduz. O que justificaria, para mim, propor a concessão do título de Cidadão do Recife a uma pessoa?

Apenas ser de outro estado e morar há anos na nossa cidade? Certamente que não. Sandoval, ao optar por Recife, deu início a sua vida empresarial criando diversas empresas.

Se fez respeitado em Pernambuco e em outros estados. Fundou, no Recife, a filial da Brasinox – Brasil Inoxidáveis S/A, a IMOSA Ltda., a Brasionox – Brasil Equipamentos Indústrias Ltda. e a WICON – Inox – Aços Equipamentos e Acessórios Industriais Ltda., gerando diversos empregos diretos.

Sua inteligência, sua capacidade empreendedora, sua visão de homem de negócios, seu lado humanista, o  tornaram um vencedor.

Trabalho – Lembro-me, Sandoval, a saudação feita a você quando a aposição da placa "Aços Inoxidáveis João Sandoval", no bar "Prá Vocês", pelo nosso amigo Armando Monteiro Neto, quanto à sua dedicação pelo trabalho e que para tirá-lo do gabinete, para uma hora de lazer, é preciso muito convencimento e um motivo todo especial. Como você mesmo diz, "Acredito no trabalho e dele vivo, como do ar que respiro".

Humanismo – Como disse o nosso  amigo José Chaves na saudação a você, quando da entrega do título de Cidadão de Pernambuco, em 1993, "Sandoval, você reservava, já na época acadêmica, um pedaço do seu tempo para se dedicar ao questionamento das desigualdades sociais. A crença no homem e no ideal da melhoria na qualidade de vida e, em particular na vida do trabalhador, fazem parte de sua trajetória como empresário e ser-humano".

Esta casa, que tem como patrono, desde 1891, José Mariano Carneiro da Cunha, homem público, grande tribuno, um dos heróis na luta pela restauração de Pernambuco, tem hoje a alegria de lhe entregar o título de Cidadão do Recife, provado por uma unanimidade dos colegas vereadores.

A vida de João Sandoval da Silveira não tem fronteiras. Sua determinação, sua paixão pelo trabalho, sua luta, sua persistência, trouxeram desenvolvimento para a nossa cidade e o fizeram herdeiro do nosso povo, responsável pelo cidadão e construtor da nossa cidade.

Sandoval, nesta data de seu aniversário, a Cidade do Recife lhe entrega o que já é seu de fato e hoje passa a ser de direito:

O Título de Recifense.

Parabéns.

Vereador Celso Miranda