Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco

Vard Promar contrata, enquanto EAS demite

Enquanto o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) já demitiu 1.400 funcionários e luta para equilibrar as contas, depois da suspensão do contrato coma Sete Brasil, que deixou débitos nos cofres da empresa; o Vard Promar – segundo do polo naval no Complexo Industrial Portuário de Suape – está contratando funcionários. De acordo como Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal), a companhia está recrutando soldadores e montadores, e outros cargos ligados à linha de produção, mas não detalhou quantas posições são oferecidas atualmente. O panorama mais favorável do Vard, mesmo em um cenário adverso ao setor naval brasileiro, que foi diretamente afetado pela crise dos contratos da Petrobras, pode estar relacionado com a formação acionária da empresa.

O EAS pertence às construtoras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, ambas empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, em sociedade como consórcio japonês IHI Corporation. “O Vard pertence a um grupo italiano (Fincantier) e tem uma estratégia global, o que ajuda no equilíbrio do capital da empresa”, ponderou a professora do curso de engenharia naval da Universidade Federal de Pernambuco Paula Suemy Arruda Michima. Acumulando dívidas de R$ 1,5 bilhão com os fornecedores, a direção do EAS busca alternativas para evitar um processo de recuperação judicial, que poderia dificultar ainda mais a atração de novos negócios.

Depois de uma injeção de R$ 50milhões, os sócios estariam prevendo um aporte de mais R$ 100 milhões para tentar salvar a empresa do processo de insolvência. Mesmo após os cortes no quadro de funcionários, o caixa do EAS não chegaria a R$ 200milhões. A injeção seria um fôlego até que o estaleiro recebesse algum pagamento da Sete.

Uma perspectiva de pagamento no curto prazo é pouco provável, uma vez que a Justiça suspendeu temporariamente os contratos da Sete Brasil com a Petrobras e impediu o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) de liberar financiamentos ou crédito para a empresa. Por meio de nota, a Sete Brasil informou que ainda não foi oficialmente notificada e que vai recorrer da decisão. A liberação de recursos era aguardada pela empresa, que começou a acumular dívidas com estaleiro brasileiros depois que o BNDE suspendeu repasses, exigind garantias à empresa, que pertence ao grupo Petrobras e sofre as consequências do escândalos de corrupção d estatal.

Na avaliação do professo do Programa de Engenharia Oceânica do Instituto de Pós Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Floriano Pires, a crise d Sete Brasil é grave para a indústria naval brasileira. “Existe um cenário de muita incerteza que está se perpetuando mais do que o devido e precisa se rapidamente equacionado” comentou. Pires acredita que Petrobras deve abrir mão de parte das sondas encomendadas à Sete Brasil, a partir d revisão do plano de investimentos, considerando a cris atual e a desvalorização do preço do petróleo no mercado internacional. O Vard Promar e o Estaleiro Atlântico Sul foram procurados para comentar as informações, mas não se posicionaram até o encerramento desta edição.

EAS