Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco

História

Por volta de 1934, em meio à efervescência política que marcou boa parte daquela década, mas num ambiente econômico de indiscutível progresso, organizou-se a “Associação dos Proprietários de Oficinas de Fundição em Recife”. Estava esboçado aí o que seria, a partir de 1939, o “Sindicato dos Proprietários de Indústrias Metalúrgicas em Recife”.

Antes, porém, de receber a denominação com que é conhecido atualmente, esse órgão classista ostentou o título de “Sindicato das Indústrias de Fundição e da Reparação de Veículos e Acessórios de Recife”. Esse nome lhe foi dado em razão de representar uma diversificada gama de categorias econômicas. Isso aconteceu em 17 de outubro de 1940.

Vinte e dois anos depois (29/10/62), a entidade passou por outra reestruturação, visando representar as categorias do 14º Grupo de Plano da Confederação Nacional da Indústria. Nessa ocasião, a entidade mudou seu nome para “Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Recife”. Até os anos 90, várias categorias se desligaram do Sindicato, em face de terem sido criadas suas respectivas representações.

Ao lado desse enxugamento setorial, o órgão classista experimentava uma fantástica evolução em sua abrangência geográfica. Assim é que sua base física, que até 1969 se restringia apenas ao Recife, foi estendida, em janeiro daquele ano, aos municípios de Arcoverde, Olinda, Paulista, Goiana, São Lourenço da Mata, Jaboatão, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Garanhuns, Cabo de Santo Agostinho e Palmares. A cobertura de todo o Estado de Pernambuco passou a ser feita em 19 de dezembro de 1980, por despacho do ministro do Trabalho, tendo em vista o crescimento e a interiorização da indústria estadual. A partir daí, foi-lhe conferida a atual denominação, “Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco”, que passou a adotar também a sigla “SIMMEPE”.

IDEALISMO

Durante essas sete décadas de história, pode-se demarcar pelo menos cinco fases que compreendem todo o período de sua existência: a fase de formação (1934/52); a fase de consolidação (1952/74); a fase de expansão (1974/81); a fase de preservação (1981/92); e a fase de renovação (1992/2009).

A fase de formação do SIMMEPE foi marcada pelo idealismo, fato comum na história dessas organizações. Durante esse período, estiveram na presidência os associados Tércio Carneiro e Euclides Lucena. A estruturação do Sindicato, por sua vez, levou algum tempo para se consolidar. O estatuto, por exemplo, consumiu cerca de 20 meses de discussão para ser aprovado, além de ter esperado um ano para ser reconhecido pelo Ministério do Trabalho. Tem-se como principal conquista desse tempo o disciplinamento, embora precário, do mercado pernambucano de sucata. Sem esse ordenamento, muitos empreendimentos metalúrgicos teriam sido inviabilizados.

Antídio Mendonça foi o presidente de toda a fase de consolidação. Durante esse período, especificamente em 1969, o Sindicato expandiu seus limites geográficos para além do Recife, passando a abranger onze outros municípios, e lutou incessantemente por uma solução permanente para a questão do suprimento de matéria-prima (ferro e aço) das indústrias metalúrgicas e mecânicas de Pernambuco. Para isso, o SIMMEPE fez coalizão com organizações que passavam por dificuldades idênticas em outros Estados e até mesmo em outras regiões. Concluiu-se, então, pela criação, em 1968, do sistema Cliente Uniforme (CIF), que por cerca de 22 anos foi o principal mecanismo de sustentação da indústria metal-mecânica do Nordeste, Norte, Sul e Centro-Oeste.

A fase de expansão abrangeu as administrações de Robert Mocock e Carlos Oliveira Lima. Dois fatos importantes marcaram esse período: a profissionalização do Sindicato, na proporção em que a organização do trabalho passou a merecer a atenção maior; e ampliação do quadro de associados, acompanhada de um extraordinário ganho de expressão política, uma vez que muitas das grandes empresas instaladas em Pernambuco com incentivos governamentais (principalmente por meio da SUDENE) filiaram-se ao SIMMEPE.

RENOVAÇÃO

Na fase de preservação, ocuparam a presidência Plínio Bezerra dos Santos, Mário Conte e Celso Baptistella. Muitas conquistas marcaram essa fase, destacando-se o ganho de solidez financeira e o aprimoramento de suas relações com os metalúrgicos, que teriam sido inviabilizadas.

A etapa final, que é a fase de renovação do SIMMEPE, é compreendida pelo período que se iniciou na gestão de Armando de Queiroz Monteiro Neto, prosseguiu com João Sandoval da Silveira, foi consolidada no mandato de Alexandre Valença e está avançando, na atualidade, sob o comando de Sebastião Pontes. Seu fator determinante é o inconformismo em relação às atitudes e comportamentos prevalecentes, seja no setor eletro-metal-mecânico de Pernambuco, seja na economia industrial do Estado, seja ainda na atividade industrial como um todo.

Assim sendo, o Sindicato voltou suas atenções também para o ambiente externo, começando por conquistar a presidência da Fiepe, em 1992, o que aconteceu com a eleição de Armando Monteiro Neto, que atualmente exerce seu segundo mandato como presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A conquista da Fiepe resultou de uma estratégia abrangente, que teve participação decisiva do empresário João Sandoval da Silveira. Convicto de que a presidência da entidade seria a melhor forma de se poder influir na CNI e nas instâncias de formulação e implantação das políticas industriais no País e no Nordeste, Sandoval trabalhou obstinadamente nas articulações que conduziriam Armando Monteiro Neto à presidência da Federação. A partir do êxito da estratégia adotada, os segmentos metalúrgico, mecânico e eletro-eletrônico ganharam visibilidade e tiveram reconhecida sua densidade política.

MODERNIZAÇÃO

A gestão de João Sandoval também ficou marcada por importantes realizações, como a capitalização financeira; a consolidação da credibilidade do sindicato, que passou a ter mais visibilidade e a exercer maior influência no ambiente externo; além da modernização e racionalização gerencial da entidade. Outro ponto de destaque foi o avanço nas relações com o sindicato dos trabalhadores, o que proporcionou condições para a realização de negociações pacíficas, sem registro de conflitos de maior relevância. A criação da feira anual Fimmepe – Mecânica Nordeste, que completa 15 anos em 2009, consolidada como a maior feira de produtos industriais do Norte-Nordeste, e a ampliação e modernização da sede do SIMMEPE são também realizações que marcaram a sua trajetória como dirigente do Sindicato.

Outra conquista de extrema importância para as indústrias metal-mecânicas foi o diferimento do ICMS para os aços planos. Com isso, obteve-se a compensação do custo do transporte na compra de aços planos às siderúrgicas localizadas no Sudeste, em substituição ao CIF – Cliente Uniforme, extinto pelo governo Collor.

Ao longo de sua gestão, Sandoval também levantou importantes bandeiras em defesa do setor produtivo do País. Em todas as instâncias possíveis, fez veementes críticas à falta de uma reforma tributária eficaz, ausência de uma política industrial efetiva e rigidez da legislação trabalhista que inibe a geração de empregos. Nos mais diversos fóruns de debates, também levantou a voz contra a extinção da Sudene e a falta de uma política de desenvolvimento específica para o Nordeste.

Consolidando a fase marcada pela renovação, o SIMMEPE, em 2001, passa a ser liderado pelo empresário Alexandre Valença que assume a presidência da entidade com o compromisso de trabalhar com o objetivo fortalecer a cadeia produtiva da indústria eletro-metal-mecânica de Pernambuco e da Região. Já em 2002, Valença idealizou e fundou a Coalizão Empresarial do Segmento Industrial Eletro-Metal-Mecânico das Regiões Norte e Nordeste, da qual foi o primeiro presidente. Em pouco tempo de existência, a entidade obteve importantes conquistas, como a criação, pela CNI, do Comitê Setorial de Aços, com o objetivo discutir a regularização do abastecimento do mercado interno. O trabalho da Coalizão colocou o SIMMEPE mais uma vez em evidência e culminou, em 2003, com a nomeação do presidente Alexandre Valença como titular da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico do governo Jarbas Vasconcelos, cargo que passou a exercer cumulativamente ao de presidente do Sindicato.

CAPACITAÇÃO

Nos anos seguintes, Pernambuco conquistou empreendimentos estruturadores que estão sendo os principais responsáveis por uma expansão econômica jamais vista ao longo da história do Estado: o Estaleiro Atlântico Sul e a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima. Esses projetos representaram um marco do início de um novo surto de crescimento e de avanço tecnológico, que consolidará a indústria eletro-metal-mecânica de Pernambuco como uma dos setores industriais mais importantes do estado. Além disso, instalou-se no estado a indústria de aerogeradores Impsa, que representa um marco na formação de um pólo de equipamentos destinados a geração de energia eólica.

Diante dessa nova realidade, o SIMMEPE voltou suas atenções à necessidade de estimular a capacitação das empresas pernambucanas para integrarem as novas cadeias produtivas que surgiriam em Pernambuco.

Como parte dessas ações, foi iniciado o desenvolvimento de programas de capacitação tecnológica e gerencial, como o Prometal. O Sindicato também intensificou a realização de missões empresariais com o objetivo de possibilitar a participação de executivos de empresas associadas em feiras e rodadas de negócios no Brasil e países como a China, Coréia e Holanda.

Paralelamente, o SIMMEPE continuou descortinando novas fronteiras. Organizou, em parceria com a Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas) e o Governo do Estado, a Agrishow Semi-Árido, em 2006 e 2007. A feira, realizada em Petrolina, levou para o Sertão de Pernambuco as últimas novidades em tecnologias de máquinas e equipamentos para manejo agrícola em áreas secas.

Em 2007, o empresário Sebastião Pontes foi eleito como novo presidente do SIMMEPE com a proposta de dar continuidade ao processo de criação de um ambiente favorável ao desenvolvimento das indústrias do setor eletro-metal-mecânico e a sua inserção nas cadeias produtivas dos projetos estruturadores em implantação no Estado. Nesse sentido, o Sindicato, nos últimos anos, não tem medido esforços no sentido de dar condições para que o maior número possível de empresas locais possam identificar as oportunidades de negócios nas áreas naval e de petróleo e gás. Como parte desse trabalho, o SIMMEPE firmou parceria com a Fiepe, Sebrae, IEL, Senai, Sesi e Prominp, a fim de desenvolver ações para identificar o potencial das indústrias locais e definir as etapas a serem vencidas objetivando habilitá-las como fornecedoras da refinaria e do estaleiro.

NOVOS ASSOCIADOS

Também visando à capacitação dos empresários, o SIMMEPE mantém seu programa de promoção de missões empresarias a eventos nacionais e internacionais, como a Feira Lamiera, em Bolonha, na Itália, onde representantes de 16 empresas associadas tiveram a oportunidade de conhecer as mais recentes tecnologias aplicadas às indústrias do setor. Cumprindo mais uma das propostas da atual gestão, o Sindicato intensificou a conquista de novos associados. Dessa forma, mais 33 empresas filiaram-se à entidade nos últimos dois anos.

Atualmente, o SIMMEPE situa-se entre os três grandes sindicatos patronais do Estado. Isso, pela dimensão do quadro de seus associados, pelo grande espectro da representação, pela força propagadora das empresas, pela capilaridade espacial e setorial dos produtos e serviços da categoria econômica.

O fundamental, entretanto, é que a importância do Sindicato decorre da contribuição objetiva dos setores metal-mecânico e eletro-eletrônico para o conjunto da atividade econômica, isto é, dos impactos que têm na drenagem da produção de alguns segmentos e na irrigação de outros, sejam agropecuários, industriais ou de serviços.

Gratifica e estimula, por certo, o reconhecimento público desse papel e da competência com que se tem havido a correspondente organização sindical. O septuagésimo quinto aniversário, portanto, carrega a oportunidade de pôr-se em relevo a importância socioeconômica e política do SIMMEPE como entidade comprometida com o que há de mais moderno, criativo e dinamizador.