Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco

Demissões no EAS ameçam setor naval pernambucano

O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) demitiu, de janeiro até gora, 200 trabalhadores, segundo calcula o Sindicato dos metalúrgicos de Pernambuco Sindimetal-PE). Desde agosto o ano passado foram aproximadamente 500. O motivo, seriam os desdobramentos da crise da Petrobras, que respingou no setor naval brasileiro e começa a comprometer as operações do EAS. Por consequência dos abalos da estatal, Transpetro, subsidiária da petrolífera e a Sete Brasil, que pertence ao grupo, teriam suspendido pagamentos às contratadas, entre elas o estaleiro pernambucano, que acumula encomendas das empresas. O déficit no caixa estaria atrapalhando os repasses aos fornecedores locais e forçando o estaleiro a demitir funcionários.
A suspensão de pagamentos as contratantes do EAS pode star relacionada ao colapso da petrolífera em meio a denúncias de esquemas de lavagem desvio de dinheiro. Os prejuízos à credibilidade e à saúde financeira da Petrobras checaram rapidamente aos fornecedores e continuam revererando em várias cadeias produtivas. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal), Henrique Gomes, lembra que, em 2011, o EAS chegou a ter 11 mil funcionários e hoje estaria com menos de cinco mil. Para evitar uma comoção maior, Gomes diz que o Estaleiro estaria fazendo demissões de forma fracionada. “Todos os dias demitem de 20 a 30 pessoas. Somente hoje (ontem), recebi um pacote com 92 demissões de lá”, revelou.
Além das rescisões, a empresa ainda estaria com problemas para pagar os salários dos prestadores de serviços. “Muitas fornecedoras de metalmecânica foram prejudicadas. A perspectiva é que nos próximos dois meses ocorram pelomenos 600 demissões no setor”, comentou Gomes.
O corte de repasses da Transpetro também teria afetado o estaleiro Vard Promar. “Meu esposo foi demitido no dia 5 deste mês, com várias pessoas, e até agora não recebeu os direitos”, comentou a cônjuge de um ex-funcionário do Promar, que preferiu não se identificar. Procurada pela reportagem, o Vard Promar informou que “não realizou demissões recentemente e sempre cumpre o que determina a legislação trabalhista”. A empresa não se posicionou sobre os repasses da Transpetro. O EAS e a Sete Brasil não emitiram pronunciamento até o fechamento desta edição.
Por nota, a Transpetro informou que “todas as embarcações entregues foram pagas e que as demais estão ocorrendo normalmente”. A empresa garantiu a continuidade do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), no qual estão inseridas as encomendas de oito gaseiros para o Vard Promar e de 22 navios do EAS.