Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado de Pernambuco

Minério de ferro cai 48% e tem pior cenário

Enquanto o ambiente melhora para alguns dos principais metais não-ferrosos, como níquel e alumínio, o cenário está muito pior do que no início do ano para o minério de ferro. Apenas em novembro, a matéria-prima do aço caiu 11% e atingiu o menor patamar desde 2009, em US$ 69,70 por tonelada no mercado à vista da China na semana passada. Neste ano, a queda é de 48%, e 2015 deve trazer ainda mais dificuldades para as companhias do setor.
Empresas e analistas comentam que a queda verificada nos últimos meses foi ainda mais forte do que suas previsões já negativas para a commodity. “As mudanças nas dinâmicas do mercado com o excesso de oferta vieram antes do que esperávamos”, afirmaram na quinta-feira, em relatório, os analistas Christian Lelong e Amber Cai, do Goldman Sachs.
O forte aumento da produção global já vinha derrubando seu preço desde o início do ano. De US$ 134 por tonelada, a commodity caiu abaixo de US$ 100 por tonelada já em maio, considerando o minério com teor de concentração de 62% de ferro. Mas a avaliação do Goldman é a de que o tombo para US$ 70 foi muito acelerado.
As projeções sobre qual seria o piso do preço do minério são dificultadas pela falta de previsibilidade dos fechamentos de minas chinesas com altos custos de produção. A baixa expressiva da cotação nas últimas semanas indica que muitas operações foram mantidas mesmo sem lucros. E a dúvida sobre o comportamento dessas mineradoras preocupa as demais companhias do setor também no ano que vem. O Citi já afirmou em relatório recente que a cotação média deve chegar a US$ 60 por tonelada até o terceiro trimestre de 2015. Depois disso, a queda seria até US$ 50 por tonelada.
“A grande questão é o quanto a China vai subsidiar minas locais nesse ambiente de queda dos preços”, afirma Bruno Rezende, da Tendências Consultoria.
Os aumentos de produção no Brasil e na Austrália já são conhecidos e se aproximam de 300 milhões de toneladas de 2014 a 2016. Se mineradoras chinesas com altos custos continuarem a contribuir com o crescimento da oferta global, o preço tende a cair para perto do custo das empresas mais eficientes, a cerca de US$ 55 por tonelada, estima o analista, levando o preço médio a US$ 66 no ano que vem. Caso sejam feitos cortes de produção, ele estima um preço médio de US$ 79 em 2015.
Na última semana, diretores da Vale e da Anglo American afirmaram que estão buscando redução de custos e mais eficiência. Mas disseram que, apesar da forte queda recente do preço do minério, seus principais projetos no Brasil – S11D e Minas-Rio – são competitivos. A previsão é a de que produzam 90 milhões de toneladas e 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro ao mercado por ano, respectivamente.
Marcio Godoy, diretor de exploração da Vale, disse que enxerga o futuro com “entusiasmo” e que a companhia tem competitividade diante das grandes concorrentes australianas, como Rio Tinto e BHP Billiton. “Não vemos um cenário nas nossas projeções em que não seremos competitivos”, afirmou durante fórum da revista “Brasil Mineral”, realizado em São Paulo na semana passada. Fazem parte dos trabalhos da Vale o investimento em novas técnicas e o terminal na Malásia, que abriu a possibilidade de comercialização no sudeste da Ásia, afirmou.
O diretor de operações da unidade de negócios de minério de ferro da Anglo American, Rodrigo Vilela, afirmou que a companhia manterá o foco em redução de custos e que a boa qualidade do minério do projeto ajudará “no período de vacas magras”.
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